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O Jardim João XXIII em números

  • isabelmagalhaest
  • 21 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de jun. de 2019

O que é possível aprender sobre o bairro com base em informações quantitativas e qualitativas, baseadas em pesquisas e na apuração dos repórteres na região


O bairro Jardim João XXIII localiza-se no extremo oeste do município de São Paulo, no distrito de Raposo Tavares, pertencente à subprefeitura do Butantã. Com cerca de cem mil habitantes distribuídos em 12,2 quilômetros quadrados, Raposo Tavares era, em 2015 —segundo dados da Prefeitura—, o distrito mais carente da região oeste.


A região começou a se desenvolver no início do século XX com o estabelecimento da Universidade de São Paulo e do Instituto Butantã nas proximidades. O acesso ao Jardim João XXIII é feito por meio da rodovia que nomeia o distrito e que liga a capital ao interior do estado. A região faz divisa com os municípios de Taboão da Serra e Osasco na grande São Paulo.

O Jardim João XXIII é um bairro localizado no extremo oeste de São Paulo. A tabela ajuda a dimensioná-lo na cidade [Elaboração: Isabel Teles]

Acesso e transporte


A uma distância de 19.8 quilômetros do centro de São Paulo, o trajeto de ônibus entre a Praça Ramos de Azevedo e o terminal de ônibus do Jardim João XXIII leva, em média, 90 minutos em dias de semana. Oito linhas de ônibus municipal fazem essa conexão, além da linha 7445-10 Jardim João XXIII - Praça Ramos, a utilizada pela reportagem.


No bairro, há três terminais de ônibus , que são os pontos iniciais e finais de cada linha.

Um próximo à feira, outro na rua da Cohab Educandário e um terceiro, nas redondezas de Taboão da Serra. Enquanto alguns ônibus são circulares, ficando poucos minutos no Jardim João XXIII, outros, como o 7545-10, saem do bairro em horários específicos e possuem um terminal com mais estrutura para os cobradores e motoristas.


Para Célio Rodrigues, cobrador de uma das circulares, esta circunstânica representa um problema para os trabalhadores desse trecho, que tem poucos minutos para descansar do trajeto de aproximadamente três horas que é a saída do ônibus do Jardim João XXIII, sua passagem pelo centro de São Paulo e a volta para a periferia.


Em horários de pico ou dias chuvosos, o tempo aumenta, desgastando cobrador e motorista. A reportagem conversou com Célio sobre os desafios da profissão e sua experiência na linha que circula pelo Jardim João XXIII. Para ele, o trecho em que o ônibus está no bairro é mais complicado do que aquele do centro porque as vias são mais difíceis de trafegar. Célio atribui essa dificuldade, um partes, à falta de fiscalização de trânsito na região, que gera situações como carros estacionados nos pontos de ônibus, fato que não acontece nas regiões centrais.



O ônibus da linha 7545-10 vai até o Jardim João XXIII passando pela avenida Rebouças [Foto: Isabel Teles]


Imóveis e habitação


Considerado um bairro periférico, o Jardim João XXIII tem dois conjuntos habitacionais nas proximidades, o Cohab Raposo Tavares e o Cohab Educandário. Além das habitações populares, abriga a favela do Uirapuru, com cerca de 500 construções, e tem ocupações irregulares em outros pontos.


Enquanto algumas construções são simples, com tijolos expostos e reboco aparente, outras apresentam pavimentos bem estruturados, paredes coloridas com grafite e grandes portões. Na região mais próxima ao centro do bairro, amplas lojas e mercados dividem calçadas com vendedores de espetinho e verdureiras.


Em algumas ruas, as casas avançam sobre as calçadas, o que as torna tão estreitas que os pedestres são forçados a andar pela via. Vegetação crescendo por entre os paralelepípedos e lixo acumulado perto de postes são obstáculos para quem tenta se manter fora da rota dos carros.


No Jardim João XXIII é comum encontrar pessoas de bairros fronteiriços, como Jardim Arpoador, Jardim São Jorge e Jardim Paulo VI. A maior concentração de comércio, serviços e até mesmo pontos de ônibus, é no João XXIII que, segundo algumas pessoas, é o pioneiro na região.



A partir do CEU Uirapuru é possível ver algumas casas da região [Foto: Isabel Teles]


Cultura


O distrito de Raposo Tavares abriga apenas um parque, que tem o mesmo nome. Pouco frequentado pelos moradores do Jardim João XXIII, o espaço fica a 5.5 quilômetros de distância do centro do bairro, o que representa 1h10 de caminhada ou 53 minutos de ônibus.


As opções de lazer mais acessíveis para os moradores são o Educandário e o CEU Uirapuru, além de uma quadra de futebol, conhecida popularmente como "terrão", na avenida Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia. As atividades desenvolvidas no CEU e no Educandário, no entanto, são desconhecidas por parcela significativa dos habitantes do bairro.


Outro equipamento citado por alguns moradores é a Vila Olímpica Mário Covas, localizada na rodovia Raposo Tavares, a aproximadamente 2 quilômetros da região central do Jardim João XXIII. O espaço oferece atividades esportivas gratuitas e abertas para a população.


Pedro Lobo, estudante de 18 anos, mora no Jardim João XXIII desde que nasceu. Ele conta que antes da construção do CEU Uirapuru —que ocorreu durante a gestão Kassab, entre 2006 e 2012—, costumava visitar o espaço que era uma grande área aberta com um parquinho e um pequeno campo de futebol.


Segundo ele, a região mudou depois da implantação do CEU, passando a ser mais segura e a oferecer atividades para a população. Hoje, Pedro não costuma sair com frequência para fazer procurar lazer no bairro, apesar de ter frequentado as atividades do CEU Uirapuru e da Vila Olímpica quando criança.


Sua avó Maria de Lourdes Costa, 65, por outro lado, é assídua frequentadora dos cursos do Educandário, lugar que visita quatro vezes por semana. Lá, ela faz as atividades voltadas para a terceira idade, como exercícios para memória, caminhadas e dança e também participa de oficinas de artesanato e cursos de informática.


Rejane, moradora da região, apesar de frequentar o Educandário, não conhece as atividades que são oferecidas no local. Ela costuma levar a filha pequena para brincar no parquinho nos finais de semana e considera o espaço bonito e agradável para descansar. A falta de tempo e pouca informação sobre a programação são as razões pelas quais ela não participa de outras atividades, o que gostaria de fazer —tanto no Educandário, quanto em outros equipamentos do bairro.



As partidas de futebol são comuns entre os moradores do Jardim João XXIII. Próximo ao campo, há equipamentos públicos de alongamento [Foto: Isabel Teles]


 
 
 

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Esta reportagem multimídia integra as produções obrigatórias propostas pelo projeto Repórter do Futuro.

O Repórter do Futuro ofereceu, no primeiro semestre de 2019, o 12º Curso Descobrir São Paulo — Descobrir-se Repórtermódulo de jornalismo de cidades.

 

O curso foi realizado pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, OBORÉ Projetos Especiais e o Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais  — IPFD, com apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo — Abraji

Isabel Teles
Estudante do primeiro ano de jornalismo na USP e graduada em direito pela mesma instituição. Natural de Curitiba, vive em São Paulo há cinco anos tentando aproveitar ao máximo o que a cidade tem a oferecer

Wender Starlles

Estudante do terceiro ano de jornalismo da USP. Adora conhecer os lugares mais inusitados da cidade de São Paulo, e não dispensa um bom livro de suspense

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